3 pontos para analisar uma reportagem




Esta entrevista (no meio de um link ao vivo) da jornalista Livia de Oliveira, que foi ao ar pela Tv Tarobá, seguida de um comentário do apresentador Diogo Hutt, caracteriza o jornalismo que quer colocar a sociedade contra um movimento, sem nem mesmo disfarçar.

O diretor da Câmara Municipal de Londrina, Ronan Botelho, (também ex-dirigente secundarista) diz em sua entrevista cordial, preferencialmente, resguardar o patrimônio público (1'20). Para isto não haveria necessidade de problemas, sendo que, oito seguranças ainda trabalham internamente, juntamente com câmeras de seguranças monitorando a Câmara de Vereadores, por todo o tempo. Juntamente com as vistorias que ele próprio realiza no prédio (1'42).

Apesar da entrevista pacificadora do diretor da Câmara, a matéria prefere dar o contexto de caos com os seguintes elementos:

1 - REPÓRTER:
Como Ronan disse ser ordeira e pacífica a ocupação (1'40"), a repórter da TV insistiu no assunto reintegração de posse (2'15). Na resposta, Ronan insiste reforçar que não perderam a posse de fato, por isso não haveria, ainda, a reintegração. (2'20").

2 - ENTREVISTA:

(2'44") Vejamos quando a repórter chama a entrevista de um cidadão araponguense, interessado em ser funcionário público da CML que veio à Londrina solicitar isenção do concurso público vigente. Quanto a este momento, não se discute que o desempregado Helio Ricardo, possa sim, ter tido um gasto equivalente a R$50,00, como coloca. Isto deve mesmo ser um problema para quem deseja isenção de um concurso que custa de R$78,00 à R$130,00. O Sr. teve um custo para pedir isenção relativo a quase a metade ou quase 80% do valor da inscrição, dependendo do cargo.
  
Porém, esta entrevista é a ÚNICA que assisto de alguns anos que conheço e frequento a câmara, sobre pessoas que perdem tempo e dinheiro ao acessar o poder público.

Quem trabalha ou frequenta os prédios do centro cívico em pleno funcionamento (como a própria imprensa), pode confirmar quantas e quantas pessoas que persistem, dias e dias, atrás de resoluções de problemas pessoais e direitos sociais, seja de IPTU, de atendimento médico, de vagas em creches, de vagas em clínicas, de resoluções de bairros, problemas com Copel, Sanepar, e tantos outros que vão pedir uma ATENÇÃO na Câmara e retornam uma, duas três, quatro, VÁRIAS VEZES e NUNCA encontram solução.

Estas pessoas gostariam de ter os mesmos 33 segundos, que fosse, na TV, para falar dos seus problemas e ter destaques em suas dificuldades. Nunca tiveram. E aposto que gastam bem mais que os cinquenta reais do Sr. Helio Ricardo e são bem mais simples, humildes que ele. Mereciam o destaque.

Quanto às perguntas feitas ao entrevistado dos R$50,00:

_Como que o Sr. Fica em relação AO MOVIMENTO? Vai voltar? Você veio de fora?
_Pra você ter que ficar retornando representa um custo?

Não vejo respostas espontâneas diante de perguntas como estas. Apontadas ao movimento e ao problema, não ao concurso e às soluções.

3 - COMENTÁRIO:

Mais um ponto, agora sobre o comentário pós matéria. Existem frases como:

(6'10") ..."é preciso identificar se representa a vontade de uma categoria"...
Ainda não ficou claro que são estudantes? Com meses de movimento, será que precisam andar com as matrículas no bolso para provar isso? Discussão passada, já.

(6'28") ..."pseudo protesto pelo seguinte, são cinco pessoas lá dentro"...
É o questionamento fraco de quem não conhece um movimento com jovens que, não passaram o fim de semana trabalhando, ou no almoço de domingo, ou curtindo um sábado a noite, ou sequer na própria cama, própria casa com a família ou fazendo qualquer outra coisa... Estavam dentro de uma câmara de vereadores esperando uma resposta política e sustentado um movimento que faz o que toda a comunidade deveria fazer.

PS. Queriam, o membro do MBL e o vereador Roberto Fu, que fossem somente 5 pessoas no movimento. Os conflitos com os dois seriam bem menores.


(6'43") ..."tem a ver com política, não tem a ver com política?"...
Qual ação contra Proposta de Emenda Constitucional e Medida Provisória, dentro de uma Câmara Municipal que não tem a ver com política? inacreditável essa frase!

(6'56") ..."Na minha opinião, minha humilde opinião, a câmara de vereadores deveria ter imediatamente...Invadiu hoje, houve uma invasão, no mesmo dia em caráter liminar ter solicitado da justiça, a desocupação"...
Creio que neste ponto, além de saber que não houve invasão, mas reforçar em usar esta palavra de forma provocativa, reiterando-a, foi-se embora o senso do que é público, como o acesso a uma casa de leis. Tire-os imediatamente! Atitude de um dono, soberano, proprietário. Ainda bem que não o é.

(8'08") ..."quem sabe estas medidas de contenção hoje, só são necessárias por que meteram a mão no dinheiro público em escala astronômica"...
Ao proteger a chamada "política de contenção" de Michel Temer, que quer conter somente gastos com a saúde e educação, por exemplo, o comentarista não deve ter conhecimentos de outras áreas políticas que precisam de contenção. Um exemplo é a manchete neste link: Senadores vão ganhar televisores novos de 55 e 42 polegadas. O Senado deverá gastar R$680 mil co aparelhos.

(9'20") ..."já deu o que tinha que dar faz tempo, faz tempo. Desocupem logo"...
o 'rabicho' final, nem se comenta mais...

Será que este comentário e esta matéria tem a ver com política, ou não tem a ver com política?
Por estes e outras matérias, os alunos decidiram durante o movimento por não dar entrevistas aos grandes meios de comunicação.

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

Programa Aqui Tem Jovem | Dia Mundial do Rock