Voto nulo e abstenção, como defender?


Somente uma conversa rola dentro da Universidade estadual de Londrina, a eleição para reitor.
Claro, não por menos, a colocação democrática da autoridade máxima da UEL define o destino em todas as relações da universidade nos próximos quatro anos.

Antes deste calor de eleições, uma medida cautelar do Tribunal de Justiça do estado determinou que a UEL apurasse os votos com peso de 33,33% para cada classe, assim sendo realizado o tão falado voto paritário. Para que este pedido? É simples.

Em uma instituição de ensino, os servidores e os alunos não são menos importantes que os professores, portanto, os professores, que são 1.677 não podem ter 70% no peso do voto, o voto dos 3.504 técnicos não pode pesar somente 20%, e o dos alunos então, os mais prejudicados, são 18.985 e o voto de cada aluno vale somente 10% do peso. Não!

Estamos prestes de definitivamente, com despacho e autorização superior, votar um por um como é feito em eleição para presidente, prefeito ou qualquer outra liderança. É neste clima, que alguns alunos da universidade no dia da eleição realizam a ‘campanha’ do voto NULO, por não ter uma chapa que os represente.

Voto nulo? Pode ter sido uma ótima ideia anarquista no século 19, quando a atitude de não querer entregar o controle de sua liberdade nas mãos de alguém, conduzia esta ideologia e referendava esta ação. Mas nesta situação, hoje, não cola mais.

Não se pode pensar assim meninos, já que inevitavelmente um reitor e um vice precisam ser eleitos. Em plenos tempos de luta para manter a democracia, e principalmente dentro das paredes de uma instituição de ensino com quase 19 mil pessoas sendo preparadas profissional e intelectualmente para o futuro, esta conversa descredibiliza qualquer argumento de paridade.

A eleição rolou e a anulação não pegou, mas a abstenção pesou. Somente 0,72% foi para repudiar o processo, porém, 84,40% dos alunos nem se deu ao trabalho de comparecer em uma das 42 urnas para decidir o futuro da instituição que o prepara. Como defender para esta classe o um por um?

O primeiro turno da eleição pra reitor da UEL trouxe claramente o reflexo da luta incompleta pela democracia em nosso país. Falta a cultura da verdadeira liberdade, que é a de escolha. Os que repudiam e se abstém, são os que sofrem mais. Sempre! Não só na UEL.

Aliás, sempre tive a opinião que o aluno de fora, ao matricular-se na UEL, tinha também que transferir o seu título de eleitor para Londrina. Se vai morar quatro anos na cidade, usar o hospital daqui, andar nas ruas daqui, querendo conforto e alimentando a economia de Londrina, nada mais justo de escolher quem vai liderar todos estes serviços. Repenso agora estas quase 19 mil pessoas recalculando o coeficiente eleitoral de Londrina. Como defender poder de escolha para a classe que nem sabe se quer escolher?

Recado: CA’s, DCE, Ativistas, Movimentos, vamos pensar nesta conversa de representação antes de lançarem candidatos à reitor? Mas só da próxima vez, porque esta eleição ainda não terminou, tem segundo turno dia 24.

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