CEBs: Política e intolerância em evento religioso

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Londrina foi palco, de 23 a 27 de Janeiro, do 14º encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. Um evento forte unindo as CEBs de todo o Brasil e que teve também representantes, membros e religiosos de outros países.

As Comunidades Eclesiais de Base fazem parte de um trabalho político-social da Igreja Católica incentivado pela  Teologia da Libertação, o que já traz naturalmente muitos questionamentos dentro da própria igreja por ter ligação direta com movimentos políticos de esquerda.

Depois de ter sido amplamente criticado por ter conotação político partidária principalmente com ligações ao Partido dos Trabalhadores, o encontro ainda ficou marcado por uma dose de intolerância em uma atividade artística realizada dentro do próprio evento.

Convidados para fazer intervenções artísticas no Intereclesial, três jovens de Londrina ligados ao hip-hop foram questionados sobre um grafite, já finalizado, uma vez que tinha um símbolo que (no mínimo) desagradou alguns participantes do evento.

Quando foram convidados para grafitar no Intereclesial, os jovens foram convencidos a participar de um evento religioso, e que estava trabalhando como tema a questão da realidade e a cultura urbana. O grafite que haveria de ser realizado teria ligações com outras partes do evento e tinha como tema: símbolos da fauna brasileira. Porém, os jovens grafiteiros não sabiam que haveria restrições a serem feitas neste desenho.

Após já finalizado o grafite os jovens foram questionados o motivo de o grafite conter, entre os desenhos, a figura de um tucano. A resposta foi óbvia: É um animal da fauna brasileira. Mas esta resposta não convenceu os que lá estavam e após uma discussão acalorada entre membros do movimento e das CEBs o grafite foi apagado.

Os membros do hip-hop só foram entender posteriormente a ligação do animal tucano com a política, e o motivo de os participantes das CEBs se irritarem tanto com a imagem grafitada. Mesmo assim, eles defendiam a permanência do desenho uma vez que o evento não deveria cercear a arte que em nada influencia no trabalho religioso e no propósito do encontro.

Mesmo sendo realizado três dias depois do "Religiões Unidas pela Paz e em Prol da Tolerância Religiosa" (um evento em Londrina para tratar a tolerância e a falta dela), parece que em nada este assunto influenciou na realidade religiosa católica.

Isto por que a própria igreja católica pediu pela tolerância religiosa quando foi vítima, nos primeiros dias de janeiro, quando homem invadiu a Catedral Metropolitana e destruiu a imagem do padroeiro da cidade, o Sagrado Coração de Jesus, que tinha cerca de 3m de altura e mais de 40 anos no local.

Fazer um artista apagar um grafite é sinal de intolerância e preconceito em todo lugar, que o diga dentro de um evento religioso. O Rap, que também tem ideologia de esquerda e social, foi cerceado em um berço que deveria tratar e defender seus mesmos propósitos. E no caso do Intereclesial, amparado de religiosidade. Mas a relação política da atividade estragou o conceito da arte urbana e colocou em conflito os próprios artistas convidados que nem religiosos são, tão pouco políticos.

Isto mostra o real sentido da intolerância. Parece que devemos falar de amor, pregar a tolerância e a paz desde que seja somente em prol do que eu acredito. Quando me conflita, mesmo que não seja de propósito, a coisa muda!

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