Racismo ou ironia?

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Muitas coisas que revelam verdadeiras opiniões podem ser ditas em tons de brincadeira ou antes da famosa frase: Eu só estava brincando! 

Seria o que aconteceu neste caso?

O promotor de Justiça de Mandados de Segurança do Ministério Público do Estado de São Paulo, José Avelino Grota, fez uma postagem entre os dias 25 e 26 de agosto, em um grupo no Facebook chamado 'MP/SP Livre' falando de pobres, negros, babás e pessoas feias.

Em seu longo texto, o promotor faz um "convite à reflexão" e descreve alguns detalhes que o levaram a ser denunciado à Corregedoria e à Procuradoria-Geral de Justiça por racismo.

O texto gerou polêmica, primeiro entre promotores de SP, e após isso em toda internet. A publicação foi divulgada em primeira mão pelo jornal Estadão e depois da repercussão, Grota afirmou que o texto era uma ‘ironia’ contra a decisão que arquivou sobre o uso obrigatório do uniforme branco para babás em clubes de lazer.

Leia abaixo trechos do texto do promotor:

“Analisei, ponderei e cheguei a algumas conclusões. Vamos a elas. Pobre, em regra, é feio; babá, em regra, é pobre; logo, babá, em regra, é feia”.

“Quanto ao pobre, coitado, nasce feio e morrerá feio porque não tem dinheiro nem para comer direito”.

“E negro, como todos sabem, tem o péssimo costume de não dar muita atenção à higiene – tanto do corpo quanto da roupa.”

“Em primeiro lugar, o branco é a cor da pureza, e, ao usar roupa branca, a babá, que é feia, se transforma, ficando um pouquinho menos feia – porque pureza não combina com feiura e, assim, passamos a dar mais atenção ao puro branco da roupa do que à feiura de quem a veste.”

“Em segundo lugar, roupa branca é a que suja com mais facilidade, e, desse modo, o patrão da babá verá mais nitidamente se a empregada está ou não limpa – e, se não estiver, ordenará imediata troca de roupa, precedida, é claro, de um banho, o que tornará a babá menos fedentina. Em terceiro lugar, roupa branca esquenta menos; portanto, a babá suará menos; por conseguinte, federá menos.”

“Em quarto lugar, como geralmente repugna ao bonito dar de cara com o feio, o uso de roupa branca permitirá aos mais sensíveis desviar-se a tempo do caminho, evitando encarar a feia criatura que verga o traje branco.”


“Em quinto e último lugar, a roupa branco também serve para que os novos capitães-do-mato, que nos clubes de ricos, são chamados de seguranças (e, mesmo sendo, em regra, negros, usam roupas pretas), possam ficar de olho nas babás, não para fins libidinosos, como é próprio dessa gente, mas para cuidar de que elas não se sentem em lugares proibidos a babás, não entrem em lugares vedados a babás e mesmo não comam e não bebam comidinhas e bebidinhas que babás não podem e não devem comer e beber.”


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