Um aluno do ensino fundamental atirou contra colegas em uma escola particular de Goiânia na última sexta-feira, dia 20, pela manhã. Dois morreram e quatro ficaram feridos. A arma era da mãe do atirador, uma policial militar.
Era por volta de 11h50, perto do final das aulas de uma escola particular de Goiânia. O ataque aconteceu na sala do 8º ano do ensino fundamental, no segundo andar do colégio.
Na sala, de cerca de 30 alunos, o atirador estava sentado na penúltima carteira da última fila encostada na parede da sala.
Segundo informações o aluno sofria bullying de um outro aluno especificamente, e após não aguentar mais a situação, aproveitou que tinha uma arma em casa para se vingar. Ele disse em depoimento que aprendeu a manusear a arma por vídeos no Youtube.
Os adolescentes Marcela Rocha Macedo, de 13 anos, Hiago Marques, de 13 anos, Lara Fleury Borges e Isadora de Morais ficaram feridos na ação e os pais, desesperados, ajudaram no socorro.
Esse fato em Goiânia levanta algumas questões para pensarmos e debatermos sobre os jovens:
- Sobre a facilidade de um jovem ter acesso a uma arma.
Volta a discussão o acesso à armas pelas "pessoas de bem", pelos jovens de bem. Existe pré-candidato a presidência da republica no Brasil defendendo a distribuição de armas às chamadas "pessoas de bem" (como se fossemos definidos socialmente entre pessoas de bem e pessoas do mal). A PM confirmou que a arma usada no crime, uma pistola ponto quarenta, pertence à corporação. Aqui fica as perguntas: Se este garoto de 14 anos que atirou nos colegas de sala não fosse filho de um casal de policiais militares e sim filho de "pessoas de bem" com porte de arma, não teria o mesmo acesso à arma?
- Sobre a violência nas escolas públicas.
Muitos relacionam a violência com escolas públicas e com periferias, somente. É obvio que a violência, hoje em dia, está em todo lugar. Neste caso, o autor e as vítimas foram alunos de uma escola particular. A violência é uma situação real não somente nas escolas de todo o nosso país como em quase todos os ambientes que o jovem frequenta, sendo ele o protagonista na ação ou quem sofre a violência cotidiana. Não seria a hora de dar a importância necessária e discutir segurança pública diretamente com o jovem?
- Sobre as inspirações dos jovens hoje em dia.
O autor dos disparos disse à polícia que agiu inspirado em massacres como o dos Estados Unidos, e o de Realengo, no Rio de Janeiro. Esta é a inspiração de um jovem de classe média-alta, que frequenta escola particular. Não devemos fechar os olhos quando jovens de periferia cometem algum ato infracional e se percebe que a justificativa de "inspiração" é o ambiente que o cerca, muitas vezes o tráfico e a violência doméstica. Nisto poucos acreditam. É natural da juventude esta situação de inspiração ou de reflexo da realidade social. A realidade deste jovem especificamente prova que sim, a sociedade cria o criminoso que ela condena, seja na no meio social que for.
- Sobre o bullying.
É preciso discutir sobre o bullying. Conversar com jovens, crianças, adolescentes em todos os lugares. Conversar sobre esta ação que infelizmente é comum e cotidiana em escolas, universidades, locais de trabalho, feitas com relações físicas ou hábitos das pessoas.
Conversar sobre o bullying é trazer às claras sobre não praticá-lo, e se não houver controle momentâneo desta prática sobre o fato de não levá-lo tão a sério, com consequências drásticas como esta.
Quando se dá uma repercussão tamanha como se dá para a prática do bullying, se ressalta até mesmo aos que antes não reparavam, não levavam a sério, ou não percebiam. A partir disso todos vêem o bullying com outros olhos. Inclusive quem o sofre.
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