Na crise do Ensino do Paraná, querem esvaziar a UEL?


Lemos nas últimas semanas manchetes sobre a UEL nos Jornais do tipo:

“Aluno da UEL é quatro vezes mais caro que o inscrito no Prouni” (JL 21/09)
“Caso de assédio expõe insegurança no campus da UEL” (Folha de Londrina 26/09).
“Furtos, assaltos e assédio sexual assolam UEL” (JL 28/09)

QUAL SERIA O MOTIVO DESTAS MATÉRIAS E MANCHETES EM ÉPOCA DE INSCRIÇÃO E PRÓXIMO À REALIZAÇÃO DO VESTIBULAR DA UEL?

Todas induzem a pensamentos interpretativos comuns: a depreciação e o esvaziamento da Universidade Estadual de Londrina.
É bem pouco incentivador que jovens queiram pertencer a esta instituição ou que seus pais sintam à vontade, interpretando somente estas manchetes e não sabendo o que realmente é discutido na universidade. Mostrar que o sistema vigente da UEL está sem controle e custa caro pode ser uma grande estratégia para reiniciar (com contundência) um assunto que neste ano já ‘assombrou’ algumas vezes: A privatização da Universidade no Estado do Paraná.
Não questiono aqui a necessidade das informações, mas a forma de abordagem do assunto torna a informação extremamente tendenciosa. Tanto, que estas mais recentes matérias inflamaram uma discussão nas redes sociais principalmente por visão de quem não frequenta o campus:

A INCLUSÃO DO POLICIAMENTO MILITAR NA UEL

Polícia não entra no Campus – Desde o fim da ditadura militar, as polícias não regulam a segurança das universidades, sendo feitas por sistemas internos. Os motivos são claros:
Liberdade As instituições de ensino são locais onde se preserva liberdade científica, liberdade de pensamento e a liberdade de expressão. O debate, o diálogo e a organização social são complementações destes sentidos que conflitam completamente com a educação militar que age tentando estabelecer ordem com atitudes de choque. Estas ações também são resquícios da ditadura que afastou a polícia da sociedade e até hoje este distanciamento não diminuiu.
AtuaçãoBem se sabe como os militares agiram nas instituições de ensino para controle governamental. E aos que pensam que isso não influencia no ensino hoje em dia, mesmo fora da ditadura, sugiro que busquem saber mais sobre o filosófico livre pensar, da qual é oriunda a instituição de ensino em uma sociedade.
Mudança de tempos - Mesmo com o argumento de que a atitude militar mudou desde a ditadura, vimos o papel crucial da polícia no dia 29 de Abril em Curitiba mostrando que ainda não. Não mudou o papel da polícia sobre quem quer que seja (e não é do policial soldado, é da polícia organização). Se não mudou a ideia na execução, não irá mudar também na compreensão.

POLICIAMENTO À SERVIÇO DO GOVERNO

Os jovens que já sofrem com violência policial em várias partes da sociedade, desfrutam no ambiente de uma universidade da riqueza da liberdade de manifestações culturais, artísticas, reuniões de jovens, atléticas, centros acadêmicos e de estudos. Como o militarismo agiria diante disso?
Não será muito espantoso que diante de qualquer aglomeração estudantil a ordem seja: dispersar rapidamente. Esta truculência sobre o livre pensar e a livre manifestação jamais pode ser aceita!
Sem a presença da polícia nesta instituição o Governador já consegue fazer a repressão que bem quer. Com policiais, ele dominará de longe e de perto o sistema de ensino que beira a marginalização da educação.
Quem conhece a UEL e seu cotidiano pode imaginar como poderiam agir policiais militares, por exemplo, em situações bem simples: Nas expressões e intervenções artísticas das turmas, nas manifestações impressas nas paredes, e tantos outros momentos.

 Como teria sido a ocupação da reitoria, como seriam as assembleias de greve?
 Como teriam sido os “arrastões” dos movimentos nos centros?
 Como teriam sido feitas as distribuições de materiais ou o ciclo do carro de som no campus na época da greve?

A UEL NÃO É UM CAMPO DESREGRADO DE DROGAS

É muita inocência (ou maldade) dizer num discurso vazio que não querem polícia na UEL para a droga “rolar solta”:

·      Como se a presença policial inibisse a circulação de drogas. Se fosse, a sociedade em geral estaria livre do tráfico. Sabemos que isto não é real fora, nem seria dentro da UEL;

·      Dizer que a UEL é um campo desregrado de drogas, é a mesma coisa que dizer que o Brasil é um país que só existe mata amazônica e índio nas ruas. O estereótipo é típico de quem ignora o assunto, não se aprofunda, age e fala com senso comum e realmente não frequenta o campus universitário;

SEGURANÇA SIM! EM TODO LUGAR

Não é por que a PM não está presente no campus, que a ladroagem e a perversão devem tomar conta. Servidores técnicos e professores possuem crachá de identificação, alunos possuem carteira de matrícula. Há um regime de circulação interno e o controle pode sim, ser feito de outra forma.
Para uma polícia no ambiente universitário, teríamos que ter treinamentos específicos para atuar em uma instituição de ensino sabendo que ocorre neste espaço. E quando isso seria feito?

Aberta A universidade é aberta ao acesso da comunidade que pode desfrutar de espaços comuns como as bibliotecas, restaurante, espaços abertos no campus, bem como vemos aos fins de semana famílias que frequentam de bicicletas, desfrutam com crianças o parque da ludoteca ou fazem piquenique nos gramados.

A insegurança constante não é somente dentro da UEL, e o sistema interno da instituição, apesar de ser precário como todo o restante da Universidade, apreende como foi feito com o suspeito. Mas este mesmo suspeito apreendido pela segurança d campus foi liberado pela polícia, mesmo com as denúncias de reincidência neste mesmo caso (abuso e tentativa de estupro).

ENTÃO, ONDE ESTÁ O PROBLEMA?


Querem transferir o problema de segurança pública para o sistema de ensino, para o educacional, e quem paga? Claro que é a sociedade e com cada vez mais privação e opressão.

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