Meu amigo gay quer permanecer na religião, mas...


O Hallel é um dos maiores eventos de evangelização juvenil dentro da Renovação Carismática Católica. Realizado em um dia inteiro, vários módulos simultâneos (tendas ou barracas) abordam com palestras e músicas um tema inerente a igreja, ao jovem ou pastorais e finaliza-se com um grande show em um palco central.

Este evento de formação já tem quase 30 anos na igreja católica, em Londrina já foram 10, e mesmo com toda esta experiência a formação parece que ainda não avançou à recepção secular. Nesta semana, conversando (sobre o de Maringá, que se aproxima) com um dos líderes do Hallel de Londrina, perguntei quando haveria um módulo que falasse sobre homossexualidade. Recebi um 'nunca' como resposta.

Até esperava, e apesar de nunca ser muito tempo, fiz uma pergunta meio óbvia para quem enxerga de ''dentro para fora'' da igreja. Porém, é fato que hoje a igreja católica ainda fecha os olhos para uma grande discussão inevitavelmente cada vez mais presente na sociedade. Argumentei que o Hallel e a igreja não precisam aceitar os gays (como aquela conversa que sempre a igreja católica vai ter de princípios e tal...) ok! Mas é preciso ter a consciência que existem mães, pais, parentes e amigos de gays, que gostariam de vê-los num preceito religioso, num acolhimento espiritual firme mas não sabem ao menos como lidar com esta situação. Como serão instruídos se não em uma oportunidade como esta? às escondidas nos cantos das igrejas e salas de confissões?

Vejamos como um fiel religioso. É mais que óbvio que, se você possui apreço por uma religião e se identifica, segue-a, gostaria também de receber os mais próximos nela, nada mais natural já que para quem possui uma religião, existe um vínculo maior que uma simples satisfação. Há sim, muitos jovens que mesmo amando pessoas do mesmo sexo, querem ter um caminho religioso e espiritual acolhedor, afinal isto não é antagonismo, nem nunca será!

Aceito que o Catolicismo tem seus dogmas, seus princípios e não quero discutir aqui a mudança deles, não é o momento. Apenas penso que, se até o Papa fala sobre isso, um módulo pelo menos conversando em um evento com tantos jovens, dizendo o que a igreja pensa, como trata, como acolhe esta situação, e o que fazer se "o seu amigo gay quer permanecer na igreja católica", já seria um avanço grande, grande mesmo. O medo de explicar é que dá margem às pauladas que a igreja leva!

Mas, a igreja prefere fechar os olhos e argumentar que ainda não está preparada. Como a igreja são os fiéis e não somente o clero, creio que falta sim instrução para muitos fiéis católicos de como tratar a vida religiosa de pessoas com amor a outras do mesmo sexo. Não sei se os não religiosos podem me chamar de católico evoluído, se os católicos podem me chamar de pervertido, só sei que uma boa conversa não faz mal a ninguém.


“O povo perece por falta de conhecimento” 
(Oseias 4:6)

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