Liderança não se exerce isoladamente.


No campo da ciência existem resultados extraordinários. Um grande exemplo vem do naturalista Charles Darwin (1809-1882). Suas idéias sobre como a vida evolui na Terra, consideradas revolucionárias na época, possibilitaram um avanço marcante no conhecimento científico. Hoje, o núcleo de sua teoria da evolução das espécies é aceito universalmente.

A teoria foi apresentada em 1859, com a publicação do livro A origem das espécies. A evolução dos seres vivos passou a ser entendida como resultado da melhor adaptação das espécies ao meio ambiente. Sua obra-prima lhe consumiu 20 anos de trabalho, tempo em que levantou sólidas evidências para apoiar suas idéias.
Mas a teoria começou a germinar na viagem pelo mundo que o jovem cientista fez a bordo do Beagle, o pequeno navio de exploração científica. Essa viagem histórica, com cinco anos de duração, foi o tema central de uma imponente exposição realizada em 2007 no MASP (Museu de Arte de São Paulo) em comemoração aos 200 anos de nascimento de Darwin.
Dentre as centenas de itens expostos, como reproduções de animais, plantas, fósseis e paisagens, um especialmente chamou a minha atenção: a carta escrita por Josiah Wedgwood, tio do jovem naturalista, ao pai dele, a fim de convencê-lo a autorizar o filho a viajar no Beagle em 1831. O Dr. Darwin, pai, achava que o jovem Charles não deveria aceitar o convite para a viagem. Na sua opinião, tratava-se de “um projeto extravagante”, como chegou a declarar.
Mas o rapaz não desistiu facilmente. Colocou no papel todos os argumentos que imaginava que o pai usaria:“viagem indecorosa para minha condição de futuro pastor… uma vida sóbria.. a mudança de profissão que a viagem exigiria… um empreendimento inútil… etc., etc.”. Expôs ao tio cada argumento que o pai utilizaria para dissuadi-lo.
Josiah, então, listou esses argumentos e os organizou de forma didática em uma carta, colocando ao lado de cada obstáculo uma contra-argumentação. A iniciativa antecipou possíveis reações do pai, que acabou cedendo. A permissão para a viagem do filho foi dada.
Se essa carta não tivesse sido escrita, provavelmente o pai não teria concordado e talvez a célebre teoria nem chegasse a ser formulada. Ela documenta, portanto, um momento decisivo na trajetória do cientista. “A viagem do Beagle foi de longe o evento mais importante da minha vida e determinou toda a minha carreira”, escreveu Charles Darwin. A carta elucida um ponto fundamental para a realização de um sonho: o apoio de outras pessoas – no caso de Darwin, o tio Josiah.
Ninguém realiza um sonho sozinho, da mesma forma que ninguém exerce a liderança isoladamente. As parcerias são fundamentais nessa empreitada. Todo grande realizador precisa de pessoas para trabalharem ao seu lado.

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