‪#‎SerJovemNãoéCrime‬ | Repúdio ao governo do Estado pela força do militarismo sobre a juventude

Esta hashtag vem subindo nas redes sociais nos últimos dias em repúdio à "criminalização da juventude"* feita na entrada da 3ª Conferência Estadual de Juventude do Paraná.


Imagem retirada da página da Senadora Gleisi Hoffmann no Facebook
Em nota da Polícia Civil afirmou que foi uma "abordagem de rotina, feita constantemente pelas forças policiais do Paraná, sempre que necessário ou que haja denúncias por parte da população." Nisto, penso em qual dos momentos se enquadram os jovens curitibanos que estavam a caminho da 3ª Conferência Estadual de Juventude. A abordagem seria uma necessidade ou uma denúncia?

Os jovens abordados eram delegados da Conferência e membros da sociedade civil organizada representantes do Conselho Municipal de Juventude de Curitiba. Além de fotografarem o momento, alguns esclareceram em suas redes sociais que "Nenhuma droga ou qualquer item ilícito foi encontrado com a delegação", e relataram algumas ameaças com relação aos cães, sem focinheiras, usados na abordagem, do tipo: "Não mostra medo se não ele te morde" . Um destes cães, inclusive, urinou na bolsa de uma delegada da conferência.

Na página da Coordenadoria de controle externo da atividade policial e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, há um esclarecimento que: A Polícia está autorizada a revistar veículos ou abordar pessoas que estejam na rua ou em ambiente aberto ao público, quando houver indícios de existência de crime (porte de armas, de drogas ou qualquer objeto cujo porte seja proibido). Clique para acessar esta página.

Seria de rotina o pensamento que um ônibus cheio de jovens rumo à uma conferência conter "potenciais" usuários de drogas ou criminosos?

A força do militarismo sobre a juventude é uma das pautas em vários eventos quando se discute políticas públicas deste segmento. Assim como preconceitos não são mal entendidos, reter a juventude - e especificamente uma delegação - rumo à Conferência Estadual, não é uma ação de simples coincidência ou rotina.

Vale observar que a Comissão Organizadora desta conferência, que inicialmente contava somente com membros indicados pelo governo e sem participação da sociedade civil, tentou barrar delegações do interior, ora na inviabilidade de etapas menores da conferência, ora na impugnação de conferências já realizadas e exclusão de delegados. 

Conseguiu um esvaziamento das delegações interioranas e em última instância, a da capital quase foi barrada na entrada deste evento. Não é coincidência somente o ônibus com a delegação de Curitiba, que ia exclusivamente para a Conferência, ser abordado bem na entrada do local do evento, em Faxinal do Céu, município de Pinhão. Muito específico.

Você revistaria seus convidados antes de entrarem em sua casa? 

Com esta pergunta o Deputado Estadual Requião Filho (PMDB) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná hoje para repudiar o constrangimento ao qual a juventude curitibana foi submetida na entrada da 3ª Conferência Estadual de Juventude do Paraná.

*A nota do Conselho Municipal de Juventude de Curitiba emitida em repúdio ao governo do Estado pela ação chamada por eles de “criminalização da juventude” foi republicada nas redes sociais também pela presidente da Fundação de Ação Social de Curitiba, Marcia Fruet,  pela secretária municipal da Mulher de Curitiba, Roseli Isidoro e pela Senadora Gleisi Hoffmann (PT), que inclusive usou também a tribuna, desta vez do Senado, para repudiar a repressão policial contra os jovens.

A nota do CMJ-Ctba sugere que as ações de segurança em eventos como este devam ser previamente planejadas com a participação dos jovens e da sociedade civil, pautadas pela boa relação entre policiais e cidadãos e cidadãs e pelo respeitoSegue a nota:



NOTA DE REPÚDIO À AÇÃO POLICIAL QUE RECEPCIONOU A DELEGAÇÃO DE CURITIBA NA 3ª CONFERÊNCIA ESTADUAL DE JUVENTUDE DO PARANÁ
Nós, representantes do Conselho Municipal de Juventude de Curitiba presentes na 3ª Conferência Estadual de Juventude, realizada entre os dias 17 e 18 de outubro de 2015 em Faxinal do Céu-PR, repudiamos a ação policial que recepcionou EXCLUSIVAMENTE a delegação de Curitiba em sua chegada à referida Conferência. 
Na madrugada do dia 17 de outubro de 2015, na entrada do local onde seria realizada a 3ª Conferência Estadual de Juventude, policiais fortemente armados e se utilizando de cães obrigaram os gestores públicos, representantes da sociedade civil e jovens que compunham a delegação de Curitiba a desembarcarem do ônibus onde estavam e se submeterem a revista policial. Somente a representação curitibana foi submetida a esta situação, o que põe em descrédito a alegação dos representantes do governo do estado de que aquela seria uma 'operação padrão' para a própria segurança dos participantes.

Repudiamos esta ação por entender que ela criminaliza a juventude e se mostra incoerente com o caráter do evento. É inadmissível que um espaço de construção de políticas públicas de juventude adote ações que perpetuam o paradigma da "juventude-problema".

Acreditamos que as ações de segurança em eventos como este devem ser previamente planejadas com a participação dos/das jovens e da sociedade civil, pautadas pela boa relação entre policiais e cidadãos/ãs e pelo respeito.

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